14.7.08


Olhos escorem cores numa tez gravada à tela e se diluem no hemisfério de Signos compondo árvores genealógicas. Máscaras, seres, tucanos dialogam com o universo colorido: forma-se, deforma-se, escondem-se e reaparecem, de relance, na fronte de um felino. A harmonia azul desliza (suave) na pele-ouro de uma serpente, ou seios que se dissipam e escorem-líqüidos e soltos na cor rubra através do obscuro e forma a vida. Porque tudo é vivo no universo multicor de Renata Holanda, sua inquietação ultrapassa a tela e toca a argila e mais seres surgem esculpindo a imagem para o espectador mais atento, formas ancestrais saltam do inconsciente arremessadas à atualidade com suas instalações e objetos. A dualidade mística através do foco nos indaga: O que se esconde na alma do artista diante do espetáculo? Ou em seus “Caminhantes Caudalosos Tardios”, congelando o tempo que não se foi, traspassando por ela. E no reflexo do retrovisor, a transparência lúdica da alma dos animais. No hemisfério surreal, na poética vivenciada com os ciganos, em figueiras arregaçadas por arquitetos de horrores pós-mortem, torres de marfim, meninas de tranças, cavalos de balanço, centauros marsupiais tudo através da confluência de sua poética que se inicia feito meninos jumbos, perdidos derramando lágrimas- nanquim.

José Leite Netto

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